Instalação de lixão no Jardim Rio Branco causa indignação entre moradores
Por Beatriz Pires em 14/06/2025 às 12:00

Moradores de São Vicente se mobilizam contra o lixão instaurado pela Prefeitura no bairro Jardim Rio Branco, na Rua Dezessete, próximo ao Rio Mariana. O movimento começou a ganhar força em meados de março, quando residentes locais aram a se manifestar por meio das redes sociais. O depósito de lixo teria sido instalado sem qualquer consulta prévia à população, audiências públicas ou apresentação do projeto à comunidade.
“Há um abaixo-assinado virtual para que todos os cidadãos expressem seu descontentamento com a implantação do lixão. Esse documento instruirá, em breve, uma ação ambiental que será apresentada à Justiça contra a Prefeitura, inclusive questionando o despautério ambiental verificado no trato da matéria, citando a total ausência de limpeza e zeladoria que consta na cidade. É preciso dar um jeito”, afirma Rui, advogado responsável pelo abaixo-assinado.
Segundo ele, a população relata mau cheiro e o aparecimento repentino de ratos, baratas e mosquitos transmissores de doenças. Rui ainda compara a situação ao que ocorreu, há alguns anos, em outras áreas da região, onde depósitos denominados Ecopontos foram instalados irregularmente, como na Esplanada dos Barreiros, Jóquei Clube, Angelina Pretti e Antigo Náutico — todos obrigados pela Justiça a serem retirados.
Apesar dos protestos, a Prefeitura de São Vicente ainda não se manifestou publicamente, assim como a Secretaria do Meio Ambiente e o Subprefeito da Área Continental. O advogado relata que foi protocolada uma ação para ter o ao processo que autorizou a instalação do lixão naquela área.
“Embora não tenhamos tido a devida verificação técnica pelos órgãos ambientais, há denúncias de que lixo orgânico recolhido de vários locais da cidade está sendo levado para lá”, afirma Elizeu.
Ele conclui dizendo que cabe à população chegar a um consenso com os governantes e que somente com o aos documentos do processo será possível comprovar a irregularidade e outros problemas decorrentes, como o desmatamento criminoso.
Protesto em andamento
Parte da população se uniu em um coletivo denominado Frente Contra o Lixão. O grupo busca conscientizar os moradores sobre os riscos da instalação do ponto de descarte por meio de panfletos e publicações nas redes sociais. Michel Viana, morador da Área Continental, conta que não é a primeira vez que isso acontece e chama atenção para os riscos ambientais, como a geração de chorume e, consequentemente, a contaminação do lençol freático.
“Parece que os donos do poder acham que a Área Continental só merece isso: presídios e lixões. Nunca vem um cinema, teatro, uma faculdade. Não houve diálogo, simplesmente boa parte da população nem sabe que está recebendo um lixão”, ressalta o professor.
Ele também denuncia outros pontos de descarte irregular, como um próximo à arela do Rio Branco, e comenta sobre os prejuízos nos dias de chuva, com enchentes e mau cheiro.
Posicionamento da prefeitura
Em nota, a Prefeitura de São Vicente informou, por meio da Secretaria de Meio Ambiente (Semam), que o objetivo é criar uma área para o reaproveitamento de resíduos limpos, um centro de destinação e triagem, diminuindo a quantidade de resíduos descartados e impulsionando a sustentabilidade e a responsabilidade com o meio ambiente.
A istração afirma que a área escolhida já está degradada, não houve necessidade de desmatamento e que o local está próximo às margens da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, que já recebe esse tipo de resíduo, inclusive de outros municípios.
A Semam ressaltou ainda que o chamado lixo orgânico, como restos de comida e materiais que sofrem decomposição, não será destinado ao local, e sim a um aterro sanitário.