Trump convoca população para desfile militar em meio a protestos e violência pelo país
Por Júlia Chaib/Folhapress em 14/06/2025 às 17:11

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reforçou neste sábado (14) o chamado para que a população compareça ao desfile militar programado para começar à noite em Washington, diante de protestos que já começaram por todo o país, com o temor de violência e previsão de chuva. “Nosso grande desfile vai acontecer, chova ou faça sol. Lembrem-se, um desfile em dia de chuva traz boa sorte. Vejo vocês todos em Washington”, escreveu Trump na sua rede social Truth Social pela manhã.
Na madrugada deste sábado (14), dois parlamentares do partido Democrata de Minnesota foram baleados por um atirador que se ou por policial. A deputada estadual Melissa Hortman e seu marido, Mark, foram mortos, e o senador estadual John Hoffman e sua esposa foram feridos e aram por cirurgia. As autoridades locais disseram ter razões para acreditar que o atirador também mira as manifestações anti-Trump previstas para ocorrer no estado. Por isso, estão desencorajando as pessoas a participarem.
As autoridades e os jornais também estão ressaltando a orientação para que moradores não atendam a porta para quem estiver vestido de policial. Só devem fazer isso se houver duas pessoas e, em caso de dúvida, ligar para o 911, telefone da polícia.
Além do episódio em Minnesota, reportagem do The Wall Street Journal mostra que grupos de extrema-direita estavam disparando diretrizes pelas redes sociais para que respondam com violência aos protestos. Nos grupos de conversa, extremistas estão compartilhando a localização dos atos contra o presidente americano.
O jornal reportou que, em canais do Telegram de grupos afiliados aos Proud Boys, que ajudaram a liderar a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, circulava um meme dizendo: “Atire em alguns, e o resto vai embora”.
Manifestações contra Trump
As manifestações chamadas de “No Kings” (Sem reis) estão programadas para ocorrer em mais de 2.000 cidades. Organizadores dizem que a ideia é que sejam pacíficas e apenas façam um contraponto ao desfile militar de Trump e à decisão do republicano de mandar forças federais a Los Angeles, palco de atos contra o cerco a imigrantes desde o último fim de semana.
Até o início da tarde deste sábado, diversos protestos já haviam começado. Na capital Washington, havia alguns focos de atos, mas com poucas pessoas e pacíficos.
Além dos atos, a previsão do tempo para a hora que começa o desfile, 18h (19h em Brasília), é de chuva.
Na quarta (11), a secretária de Imprensa de Trump, Karoline Leavitt, foi questionada se o presidente permitiria protestos pacíficos no mesmo dia do desfile e respondeu de forma brusca dizendo que sim e que a pergunta havia sido “idiota”.
Este será o primeiro desfile militar na capital depois de 34 anos. O motivo oficial são os 250 anos doExército dos Estados Unidos, formado para lutar a guerra que deu a independência ao país em 1776, mas não à toa foi marcado no dia do aniversário de Trump, que completa 79 anos.
O gasto do evento é estimado em até US$ 45 milhões (R$ 250 milhões). Desfilarão dezenas de blindados e 6.700 soldados. Aviões de guerra sobrevoarão a cidade, com histórico algo alérgico a essas demonstrações. O custo da parada é um dos motivos de crítica dos atos.
Críticos do republicano focam o aspecto autoritário do presidente. Paradas militares costumam ser associadas no exterior a países sob ditadura ou com líderes autocráticos.
Desde o tempo da União Soviética Moscou é palco de tais manifestações. Todo ano, o Dia da Vitória sobre os nazistas na Segunda Guerra Mundial é celebrado com pompa, que foi turbinada desde que Vladimir Putin chegou ao poder há mais de um quarto de século.